O Cacique - lider tribal.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

Portugal não é a Grécia


Em 2006, o Primeiro Ministro Húngaro, Ferenc Gyurcsány, foi escutado numa conversa privada dizendo que tinha mentido nos últimos ano e meio, dois anos, e perguntava-se, se tivesse de prestar contas ao país, o que poderia honestamente dizer.

A fuga destas conversas privadas, admitidas pelo responsável máximo do governo Húngaro despoletou uma furiosa revolta.

No entanto, tal como Portugal não é a Grécia, José Sócrates não é Ferenc Gyurcsány. Por um lado, nunca o veria admitir a veracidade de escutas privadas. Por outro, tomando em linha de conta a sua incompetência, a sua manifesta falta de humildade, bem como a completa esquizofrenia em relação à actual situação do mundo e do país, jamais o veria pronunciar uma visão lúcida face à sua própria governação.


O que me entristece, contudo, é que para além de ser fácil ao primeiro ministro iludibriar e manipular, adaptando os métodos juventude-partidária[1] à governação do país, os portugueses se deixam amansar por essa conversa sibilina.

Portugal não é a Grécia, e muito menos a Hungria: Se José Sócrates cometesse a incúria de deixar o rastilho incendiar-se, parece-me que a sociedade civil Portuguesa não teria sequer a pólvora(metafórica) para uma revolta. Seja serena como o povo de Pinheiro de Azevedo ou barulhenta à imagem preconizada por Medina Carreira.

A sociedade civil em Portugal está esvaziada de espírito, amedrontada pela mudança, aprisionada pelas incertezas. E já agora, sem dinheiro para aventuras.

Pena.


(1) iguaizinhos em forma e conteúdo aos de Passos Coelho. "Mudar" não passa de uma onomatopeia moderna com laivos tecnológicos/cráticos (aka modernaça), útil para trazer pelo bolso. Essa mão, incongruentemente magnânima, está cheia de nada.

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