O Cacique - lider tribal.

quinta-feira, junho 24, 2004

S. João


Aula de alemão. Trocas constantes de palavras em Espanhol, Italiano, Francês, Inglês, Português.

E em catalão. No final, apercebemo-nos. Enquanto uns festejam o solcístio de Verão como nórdicos, em Portugal, na Catalunha, em Tenerife, festeja-se o S. João. Festa rija, com raízes pagãs. Em todo o lado, a noite termina com o ínicio do dia seguinte, numa qualquer praia.

A minha emancipação começou com as festas de S. João do Porto. Primeiro, com tios mais afoitos, depois indo para a noite com amigos da família, finalmente, compartilhando da festa com os meus amigos. Bailaricos, passeatas, fogo visto na Serra do Pilar, no Jardim do Morro, atravessar a ponte D. Luís com a multidão. Sardinhas, Bifanas e até cerveja.

A primeira vez que andei de mão dada com uma rapariga, foi num destes dias. Escrevi-lhe duas vezes, recebi duas respostas. E acabou. Vi-a, ou creio que a vi, no Bom Sucesso, quando fui ao cinema, agarrada a outro. Era dois anos mais velha, e acho que ainda não recuperei dessa situação. Custa-me sempre recuperar das paixões, recordo-me dos pormenores de todas.

Na Catalunha também se salta a fogueira, incontáveis vezes. Contudo, as labaredas não são mais altas que nós. São fogueiras pequeninas, não permitem cabelos chamuscados.

É o 2o ano que não tenho S. João. Vai-se perdendo. Lembro-me do Ricardo a dormir com um amigo á porta da minha casa, quando ainda era muito míudo. Tenho fotografias de um S. João memorável, o melhor, o terceiro, do qual ainda tenho fotografias da manhã do dia seguinte. Com o Einstein, o João, a Ana, o Pedro. Quando ainda acreditava que as amizades são eternas. Talvez sejam.

Mas o S. João é folgazão, e efémero. Namorisca as meninas e depois sume-se na noite. Oferece a cabeça ao martelo, dá o alho a cheirar, e desaparece. Cruza-se com toda a gente, e depois esquece-as, mesmo que a noite perdure na memória. E não é assim o amor?